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O Espelho do Ensinar

A relação aprender-ensinar ou ensinar-aprender é de um valor único. Todos os dias aprendemos. A fotografia que apoia o artigo testemunha os Encontros de Nutrição que organizo anualmente, enquadrado nas aulas que dou no ensino superior. Tratam-se de encontros onde colegas de profissão e outros profissionais partilham o seu percurso e experiências, as exigências do mercado de trabalho e, acima de tudo as oportunidades que temos para o desenvolvimento profissional, mas também pessoal. Estes Encontros são voltados para os estudantes, neste caso futuros nutricionistas. Os conhecimentos técnico-científicos são essenciais, mas esta formação complementar aprofunda a capacidade de adaptação a novas situações, a análise crítica e a empatia e, a capacidade de escolha e de decisão.

Cada experiência de formação, antes ou, no exercício das funções de cada um, é, em si, uma data marcante porque, se acrescentar ao mais rotineiro, significa que contribuiu para aplicarmos a nossa destreza, aproveitarmos o nosso potencial e descobrirmos o que temos para melhorar se assim o desejarmos. Quando ensino, tenho a consciência do quanto posso contribuir para o futuro do outro, os conhecimentos que lhes proporcionei e uma atitude positiva e orientada para o espírito de equipa, na relação de ensinar-aprender e, orientada para a ética, sendo esta determinante para o desenvolvimento das competências mais elevadas.

O tempo, a motivação, o detalhe, a ponderação e a assertividade são ferramentas chave para o sucesso. O sucesso é, sobretudo, a capacidade de generosidade para o outro e de perspetivar com resiliência. Aquele que dá, quando ensina, identifica que também é um caminho que lhe permite aprender a ser e/ou a fazer melhor. Aquele que recebe, quando aprende, reconhece que é um caminho feito em conjunto, em sinergia e que deve devolver ao outro com reciprocidade. Aquele que recebe devolve, desde logo, a oportunidade do primeiro aprender se ensinou bem, ensinou o que devia, como deve ensinar outra pessoa a seguir e, se deve ensinar tudo ou apenas o que se justifica a cada contexto e a cada perfil, nas suas potencialidades e limitações.

Seja neste contexto do ensino superior, seja em contexto clínico ou de equipa, aprendo sempre e gosto de ensinar também! É muito satisfatório podermos contribuir com aquilo que sabemos e que parte dos conhecimentos nos demorou tempo a adquirir. Quando organizamos os conhecimentos de forma esquemática e damos mais conhecimentos que geralmente não são dados a não ser com a experiência do tempo são reconhecidos ganhos para o outro. Esta relação ensinar-aprender espera depois comportamentos em espelho. É muito bom encontrar gestos amáveis e de reciprocidade. Por isso, o meu obrigada aos meus estudantes que se encontram neste ano em estágio e, o meu obrigada àqueles a quem ensino todos os dias. Com todos, aprendo sempre. E, por vezes, sem saberem, dão-me a oportunidade de satisfazer necessidades e objetivos mais pragmáticos como o método de trabalho que tanto prezo e a satisfação de requisitos.

Teresa Campos, Nutricionista e Diretora da Nutrémia, Clínica de Nutrição e do Comportamento

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